Esta foto mostra a diferença do céu com e sem poluição luminosa. |
O que é poluição luminosa (PL) ?
Poluição luminosa é o excesso de luz artificial emitido pelos centros urbanos, com destaque para as grandes cidades. Ele pode ser emitido de várias formas, como candeeiros, anúncios publicitários, luzes das casas ou apartamentos, ou seja, de qualquer lugar que emite luz.
Causas da poluição luminosa
A iluminação do céu da a impressão de como se criasse um paredão de luz entre nós e as estrelas, um dos principais responsáveis por esse paredão nas cidades, é o candeeiro. Não que ele não devesse estar ali, é que muitos deles ao invés de iluminarem somente para baixo, também iluminam para cima. Mas pra que alguém precisaria de iluminação no céu? Os aviões não precisam disso, as nuvens também não e as aves muito menos.
Em algumas cidades os candeeiros são adaptados para iluminar só onde deve realmente ser iluminado, mas isto foi conseguido através de muitas reclamações, principalmente por partes dos astrônomos amadores.
O alvoroço em torno da poluição luminosa começou a instalar-se nos grupos de astrônomos amadores dos EUA, na década de 80, onde com alguma pressão junto dos poderes locais, conseguiram que a iluminação pública fosse corrigida em vários sítios. Ainda assim, a verdade é que cerca de 2/3 da população dos EUA a cerca de metade da população da União Europeia, perdeu a visibilidade da Via Láctea a olho nu.
Para se ter uma real noção deste problema, um relato verídico: em 1994, um terremoto em Northridge deitou abaixo a energia elétrica da cidade de Los Angeles, quebrando portanto a iluminação pública. Pouco depois de isso acontecer, tanto a polícia como os centros de emergência, receberam chamadas telefônicas de pessoas inquietas devido à presença de uma grande mancha nebulosa a atravessar o céu. Estas pessoas estavam, pela primeira vez, a observar a Via Láctea. A poluição luminosa fez com que a visão da Via Láctea fosse mais uma lenda do que uma realidade.
Consequências
No local que fazemos observações astronômicas (IFF-Macaé), possui bastante poluição luminosa, muitas vezes não conseguimos ver alguns objetos celestes como alguns conjuntos globulares de estrelas. No final de semana passado (3/08/2013) fomos a São Pedro da Serra para que tivéssemos uma visão melhor do céu, já que a poluição luminosa é muito menor. Quando chegou a noite dava pra ver nitidamente a olho nu a Via Láctea, coisa que eu nunca tinha visto na minha vida. Vimos vários conjuntos abertos e globulares de estrelas que não dava pra ver no IFF-Macaé como o conjunto globular M22.
Como já dito anteriormente, a poluição luminosa atrapalha bastante a vida dos Astrônomos, tanto amadores quanto profissionais, isso se dá pela luz artificial tornar a atmosfera visível. Mas também essa não é única consequência.
- A PL tem seu impacto no ecossistema, como confundir o senso de localização das aves, desequilibra a fotossíntese das plantas e altera a polinização, diminui a quantidade de insetos nas cidades fazendo assim com que aumente as pragas.
- Sistemas de iluminação inadequados estão relacionados a problemas de saúde, como problemas de sono e alteração do ritmo circadiano.
A poluição luminosa na cidade de New York é tão grande que o céu fica praticamente todo alaranjado. |
Solução
A melhor forma de evitar o problema é resolve-lo de raiz. Basta que as autarquias substituam os candeeiros pouco eficientes por outros mais eficientes. Não é necessário que o poder local tenha alguma simpatia pelos astrônomos amadores, porque os candeeiros pouco eficientes aumentam em cerca de 40% o consumo de energia das cidades, fato mais do que suficiente para começar a corrigir essa situação tão breve quanto possível.
Por parte dos astrônomos amadores, existem algumas medidas que se podem adotar para tentar contornar este problema, na certeza porém que a observação numa grande cidade nunca será de grande qualidade. Por esse motivo, a maioria das observações que se fazem em centros urbanos, limitam-se aos objetos mais brilhantes, como a Lua ou os planetas mais próximos da Terra.
Dicas para tentar evitar a poluição luminosa:
- Adquirir equipamento a pensar na portabilidade, ou seja, que se possam transportar com facilidade para zonas mais escuras;
- Utilizar filtros especiais de redução da poluição luminosa (na foto acima);
- Não iniciar a observação antes de uma adaptação dos olhos à escuridão (cerca de 30 minutos);
- Fazer as observações a partir das 2h, hora em que a agitação atmosférica é menor, assim como o trânsito nas ruas.
A não resolução deste problema, além de tudo o que já foi mencionado como o gasto energético e financeiro injustificado, o impacto ambiental, nas plantas, nos animais e no próprio sistema biológico humano, é também uma ameaça à astronomia feita a partir da Terra. Mesmo os maiores telescópios do mundo, construídos em locais afastados para evitar a poluição luminosa, estão naturalmente inquietos, pois com o aumento da população e da expansão dos centros urbanos, os locais que outrora eram calmos e sem qualquer interferência, podem deixar de o ser.
Por mais pequena que seja a interferência luminosa terrestre nos observatórios, é suficiente para que os telescópios deixem de poder detectar e observar as galáxias mais distantes e os objetos mais ténues. A única alternativa a esta situação seria a observação quase exclusiva a partir de telescópios em órbita, algo que parece financeiramente impossível de suportar, tendo em conta que até o Telescópio Espacial Hubble, telescópio histórico, ímpar e que já tanto contribuiu para o nosso conhecimento, esteve em risco de desativação por questões de orçamento…
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